Os pontos de inflexão para a educação do século XXI, face, em especial, ao desenvolvimento das tecnologias da informação e da investigação dos processos cognitivos será discussão central de painel no 13º Congresso do Ensino Privado Gaúcho. Os especialistas Ana Lúcia de Freitas, Beatriz Daudt Fischer e Danilo Streck estarão reunidos no painel "Sobre paradoxos e perspectivas na educação", que será realizado no dia 24 de julho, às 14h. A mesa será coordenada pelo professor de Filosofia e decano da Escola de Humanidades da Unisinos Adriano Naves de Brito. As inscrições para o Congresso ainda estão abertas, clique aqui para mais informações e inscrições.

Para o professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unisinos, Danilo Streck, os desafios da educação não podem ser separados dos desafios da sociedade e o primeiro deles é se dar conta, de forma realista, do contexto que condiciona a ação educativa. "É a partir dessas condições que ela poderá trabalhar no sentido de reforçar o que há de positivo e de mudar o que é um obstáculo para o desenvolvimento de todos e de cada pessoa. Em meio às crises de diversas ordens que estão sendo expostas no país, é difícil não incluir entre os desafios a educação para o sentido de público." Ele coloca que os cidadãos ficam indignados com corruptos e corruptores, e a verdade é que grande parte deles passou pelas consideradas "melhores" escolas. Nesse contexto, a tarefa educativa consiste em cultivar a capacidade de perguntar, de questionar; de ensinar menos as respostas e mais a fazer perguntas.

A professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Programa de Pós-Graduação em Gestão Educacional/Mestrado Profissional da Unisinos Beatriz Daudt Fischer, afirma que a educação tem enfrentado um paradoxo permanente através de séculos pelo fato de necessariamente ser fundamentada na perspectiva tradição-inovação (alguns avaliam como uma contradição). Isso, em qualquer das instâncias educativas, a começar pela família e, em seguida, a escola. "Em outras palavras, as gerações mais velhas convidam (ou impõem) aos mais jovens os conteúdos e valores acumulados, ou seja, a tradição. Ao mesmo tempo, precisam incentivar e desafiar para a inovação, inclusive em alguns casos permitir que inovações radicais tenham espaço. Se isso não for feito, o mundo não tem como ir em frente, resolver problemas, avançar." Em relação às instituições de ensino, ela acredita que "a saída começa por admitir, enfrentar e saber lidar com estes tensionamentos, principalmente através da discussão entre pares, diálogo constante com os mais novos, criando clima de confiança mútua".

A doutora em Educação pela PUCRS Ana Lúcia de Freitas coloca que é preciso compreender a inovação numa perspectiva complexa, considerando-a como um processo que envolve um conjunto de fatores que incluem a formação docente, mas também as condições objetivas e subjetivas de trabalho. "Precisamos estar atentos para a visão que concebe de modo simplista as relações entre mudança e manutenção; neste sentido, penso que seja interessante refletirmos nos dois sentidos: em que medida as inovações podem reduzir-se a `modismos’ e não significar uma efetiva transformação nas relações de ensinar e de aprender, assim como refletir sobre o que precisa ser mantido para que uma alteração significativa ocorra."