Enquanto em outros setores da economia a presença feminina ainda é tímida, especialmente em cargos de gestão, na educação a realidade é diferente: nas escolas gaúchas, oito em cada dez professoras são mulheres. Na área de gestão, o número é semelhante: 87% dos cargos são ocupados por elas, tanto no setor privado quanto na educação pública. Os dados são do Censo da Educação Básica.

 

A rede particular de ensino no Estado conta com mais de 23,3 mil professoras. A atuação das docentes está distribuída nas áreas de linguagens (8 mil professoras), Matemática (5,6 mil) Ciências da Natureza (5,8 mil), Ciências Humanas (5,5 mil) e outros cursos (5,7 mil).

 

A professora do curso de Enfermagem da Escola Técnica Cristo Redentor Miriane Portal da Silva avalia que um dos maiores desafios para as mulheres na educação está em transitar entre as diversas atividades que elas executam. “A mulher é como se fosse um polvo. Ela não desempenha só o papel de professora, de mulher. Ela é mãe, filha, dona de casa, quer fazer tudo ao mesmo tempo. Um grande desafio é mensurar o quanto a gente consegue colocar de energia para cada um. Essa medida é um tanto quanto difícil, e no papel de docente, é ainda mais desafiador”. Para ela, ser professora é se tornar um parâmetro na vida dos alunos. “Quando você se torna referência, você percebe que está no caminho certo. Todas que estamos aqui merecemos os parabéns”.  

 

No cargo de gestão, mais de 1,8 mil exercem os cargos de liderança nas escolas da rede privada em todo o Estado. É o caso da diretora Marisa Crivelaro, do Marista Sant’Ana em Uruguaiana. “Como educadora e gestora escolar, percebo que a participação feminina no contexto escolar é marcante pelo exercício do protagonismo em várias frentes de atuação: como estudantes, na gestão da sala de aula, na liderança de pessoas e processos e como cuidadoras dos espaços escolares”, afirma a dirigente. Ela acredita que as educadoras são uma grande referência às alunas e alunos. “A importância desse protagonismo feminino reside, profundamente, no ato de se educar pelo exemplo, de inspirar a todos da comunidade escolar com atitudes e comportamentos que agregam, acolhem, incluem, animam, promovem e fazem aflorar a potência interior de cada ser humano que interage nesses espaços. Acredito no dom da fé que as mulheres carregam dentro de si e por isso, são semeadoras de esperança nos espaços onde atuam”, conclui.