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27/01/2020

Surgem os primeiros cursos de graduação em ciência de dados

Universidades no Rio e em São Paulo passam a oferecer a formação para quem ingressa neste ano

por Valor Econômico
Surgem os primeiros cursos de graduação em ciência de dados

Os jovens que vão ingressar na faculdade este ano puderam, pela primeira vez, optar por cursos de graduação formalmente voltados a torná-los cientistas de dados - no Brasil uma capacitação até então ancorada em muito autodidatismo, pós-graduações e cursos livres de curta e média duração.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), maior instituição federal de ensino superior do país, inaugura em 2020 a ênfase em ciência de dados nos cursos de estatística e matemática aplicada, além da cadeira inédita de engenharia matemática. Na seara privada, a Fundação Getulio Vargas (FGV) constitui neste ano, também no Rio, a primeira turma de graduação inteiramente dedicada ao tratamento e análise de dados massivos. O movimento, dizem os professores que coordenam ambas as iniciativas, é uma resposta à demanda crescente do mercado por esses profissionais.

Somando as vagas abertas pelas duas instituições de ensino são 85 por semestre. Ainda que seja um esforço mais estruturado para uma formação completa de uma geração de profissionais para o manejo de dados, capazes de reunir, tratar e interpretar de forma consequente um mar de informações, ainda é pouco ante as necessidades de médio prazo da economia brasileira. Conforme o Valor noticiou, estudo recente da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) mostra que, até 2024, a demanda por profissionais de tecnologia no Brasil será de 70 mil ao ano, enquanto o número de formados nessa área deve chegar a apenas 46 mil.

O diretor da Escola de Matemática Aplicada (Emap) da FGV, o matemático César Camacho, avalia que o Brasil está cerca de dez anos atrasado tanto na prática quanto no ensino da ciência de dados se comparado a países desenvolvidos. “Os Estados Unidos já têm cerca de 200 cursos desse tipo e nós estamos começando a formalizar os primeiros só agora.”

Para Camacho, a rigidez da estrutura das universidades brasileiras, com departamentos pouco afeitos à integração, é uma das razões do atraso. O professor cita a Universidade de Yale, nos Estados Unidos, como exemplo a ser seguido pelas instituições brasileiras. No início de 2017, a instituição americana transformou seu departamento de estatística em uma unidade inteiramente dedicada à ciência de dados, a “DS2”, e introduziu um curso que reúne disciplinas de matemática e computação.

 A proposta da FGV é semelhante, mas, além de integrar os dois campos, a ideia é que, ao longo dos quatro anos de duração, o aluno tenha, de fato, contato com os dados a partir dos quais deverá produzir análises que subsidiem estratégias de negócio ou políticas públicas. Como a matéria-prima, os dados, vêm de áreas como a biologia, a medicina ou mesmo o direito, o corpo docente é formado, também, por professores advindos dessas áreas ou originários das exatas com projetos afins. Embora admita a defasagem citada pelo colega, o professor do Instituto de Matemática da UFRJ, Flávio Dickstein, nega que a pesquisa brasileira relacionada a tecnologias digitais corra no pelotão de trás e acredita que o próprio mercado brasileiro, sem grandes empresas com atividade-fim na computação e na ciência de dados, nivela o setor por baixo. Sobre a formação de profissionais, o matemático diz haver, também, um problema grave de divulgação das possibilidades de carreira de um aluno das matemáticas em universidades públicas. “Mas é um fato que o país está acordando para a necessidade de formar gente capaz de trabalhar com os engenhos imateriais, aqueles que vão marcar este século e são, sobretudo, matemáticos. Isso está ‘pipocando’ na UFRJ, na FGV e a tendência é continuar em outras instituições de excelência”, diz.

O cientista de dados Otto Tavares concorda que a criação de cursos de graduação específicos para a sua área é um passo importante para suprir o déficit de profissionais, sobretudo os mais completos, capazes de desempenhar funções de engenharia de dados e análise ao mesmo tempo. Em sua opinião, os cursos de curta duração que inundam o mercado têm a função precípua de apresentar as ferramentas aos que pretendem enveredar pela ciência de dados, mas dificilmente formam pessoas capazes de programar e analisar grandes quantidades de dados.

Desde o início, Tavares orientou sua carreira para a formulação de políticas públicas. Ele se formou em economia, fez mestrado em matemática aplicada e acaba de ingressar no doutorado de energia elétrica da Coppe-UFRJ. Nesse ínterim, passou pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP) e o Instituto Nacional de Pesquisa em Informática e Automação da França (INRIA), onde desenvolveu trabalhos como o mapeamento inteligente de atividade criminosa e a preparação de plataformas mobile para cidades. Para tanto, diz, teve de sair da matemática e entrar em contato com profissionais de outras áreas. “Cabe somente ao aluno buscar o intercâmbio com outras disciplinas. Sem isso, é impossível prosperar no campo da análise, onde é importante dominar os métodos, mas é fundamental saber fazer as perguntas certas para as bases de dados”, diz.

Na UFRJ, as novidades são todas promovidas pelo Instituto de Matemática e vão funcionar como especialização dentro da graduação. Nesse caso, os alunos disputam no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação, as 15 vagas semestrais de estatística ou as 20 vagas de matemática aplicada e, depois, ao longo do curso, obtêm a chamada ênfase em ciência de dados. Para tanto, devem orientar a carga de disciplinas optativas - aquelas de livre escolha do aluno - para sete matérias específicas, entre as quais estão programação, banco de dados e inferência estatística. Ambas as formações duram quatro anos. O contato com as bases de dados se dá em laboratórios cujas pesquisas flertam com outras áreas, principalmente as engenharias.

Em São Paulo, a Universidade Anhembi Morumbi e a PUC-SP também darão início, neste primeiro semestre, a seus primeiros cursos de bacharelado em ciência de dados. “A nova graduação, que também é considerada uma versão mais recente do business intelligence, alia big data e machine learning, além de técnicas de outras áreas interdisciplinares como estatística, economia, engenharia e os campos da computação: banco de dados e análise de agrupamentos”, afirma Augusto Mendes Gomes Júnior, coordenador do curso da Anhembi Morumbi.

Ele explica que a graduação foi concebida para suprir a demanda por um novo tipo de profissional, especializado na extração de resultados mediante construção e análise de dados, e preparado para tomar decisões nas organizações.

Entre as iniciativas da Universidade de São Paulo (USP) na área de ciência de dados, o professor Fabio Gagliarde Cozman, da Escola Politécnica (Poli), destaca a criação de uma “linha de estudos na graduação e na pós” no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), localizado em São Carlos. Houve uma atualização do currículo do curso de estatística para a formação de cientistas de dados. A mudança levou à alteração no nome do curso, que a partir de 2020 passa a se chamar bacharelado em estatística e ciência de dados. Quem faz a graduação, portanto, sai com o título de estatístico e cientista de dados. Há 35 vagas na PUC-SP e 40 na USP. 

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