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21/07/2017

Se a escola quer continuar a ser relevante, tem que se adaptar

José Moran fala sobre a necessidade de transformação das instituições

por Vívian Gamba
Se a escola quer continuar a ser relevante, tem que se adaptar
Uma crise pessoal, profissional e didática depois de 15 anos de profissão foi o que levou o educador e pesquisador de projetos de inovação José Moran a buscar novos caminhos como professor. "Quando eu achava que sabia como era trabalhar com os alunos, comecei a não encontrar muito sentido no que eu fazia, muitas das técnicas não estavam funcionando. Os alunos mudam e os materiais não fazem o mesmo efeito. Tive que me reinventar." Ele buscou, então, uma forma de se manter como profissional da educação de uma forma que se sentisse vivo, realizado e ao mesmo tempo contribuísse com o aprendizado dos alunos; um projeto que desse sentido à vida, ao trabalho de professor e ajudasse estudantes cada vez mais novos inquietos e conectados. "A internet estava começando, anunciava um mundo conectado, móvel, mais personalizado. Começava-se a discutir que escola poderíamos oferecer com isso. A ousadia me salvou. Ajudou a viver a segunda parte da minha vida: mais interessante, mais estimulante, com novos desafios. O importante é que a ousadia, dentro das minhas limitações, me fez sair dos estigmas da minha vida profissional e me ajudou a ser uma pessoa mais aberta e fazer da minha vida um grande projeto de aprendizagem." Na conferência "Desenhando novas escolas para todos", na manhã desta sexta-feira, ele alertou que todos poderão viver momentos semelhantes, de crise e de dificuldade, mas é preciso não desistir de mudar, de experimentar e de buscar novas alternativas. "Se vocês se transformam em pessoas ousadas, criativas e empreendedoras, terão escolas ousadas, criativas e empreendedoras. As escolas somos nós, os pais, os alunos. Para desenhar tudo isso, precisamos de pessoas." É possível começar de forma básica. Moran, há 30 anos, fez sua incursão no mundo virtual ao criar uma página para os alunos. E começou a mesclar aulas presenciais, de laboratório e atividades através dessa página. "Foi início do blended, modelo híbrido, que constitui o aprender no mundo de hoje. Compreendi que a sala de aula é um lugar tão importante que só vale a pena estarmos juntos se fizermos coisas relevantes. Transmitir informação é pouco." Então ele uniu a pesquisa supervisionada no laboratório à busca de materiais relevantes realizada na aula invertida para, no momento presencial, fazer grandes discussões, esclarecer dúvidas e ampliar o repertório. "Foi essa atitude, de não ter medo da tecnologia, que me fez mudar muito." O especialista pontuou que o Rio Grande do Sul sempre teve escolas interessantes, mas que é necessário fazer mais, descobrir novos horizontes nas dimensões intelectual, afetiva, ética, e encontrar significado para a vida. "Quando o aluno percebe que está discutindo questões sobre o presente e o futuro dele, ele quer aprender, ele vê um significado. O aprender não é para passar, ir bem no Enem, fazer faculdade ou ter uma profissão, mas para ter a possibilidade de ser uma pessoa mais aberta, mais livre e realizada." Então professores avançados pesquisam técnicas avançadas de aprender. Moran afirma que os alunos querem tudo o que se tem falado sobre escolas inovadoras. Eles estão à procura de uma nova escola. Uma pesquisa do Porvir com 132 mil estudantes entre 13 e 21 anos mostra isso: eles querem uma escola participativa, com atividades praticas e bastante tecnologia, que eles usam no cotidiano. "Eles querem um currículo mais interessante, querem fazer algumas escolhas, adaptá-lo a necessidades que eles têm, usando mais experimentação. Querem acolhimento. Querem agir no entorno, fazer experiências reais. Há uma sinergia entre as expectativas do nossos usuários e as nossas propostas." Uma série de escolas já nasceram com o DNA do século XXI, não têm o peso da tradição. Começaram do zero e levaram a vantagem de poder desenhar espaços menos retangulares, mais flexíveis, tudo móvel, bonito, com mais vidro, mais transferência. Já tinham uma série de ideias arquitetônicas. "Um estudo que li de uma universidade inglesa mostra que15% do aproveitamento dos alunos se deve ao redesenho arquitetônico. Temos que pensar, dentro do possível, como desenhar o espaço para o aluno aprender num mundo conectado." O conferencista trouxe exemplos de algumas escolas inovadoras, públicas e privadas. Nas escolas Summit, que surgiram para trabalhar com imigrantes, alunos de periferia, de baixa renda, os espaços são amplos, coloridos, permitem o redesenho constante de atividades em Grupo. Na High Tech High, 90% das atividades por projetos. Na escola católica Montserrat, da Catalunha, a inovação é feita por irmãs que vestem hábito. No Peru, há uma rede de escolas de baixo custo que criou um modelo sem disciplinas, com outra concepção de currículo, professores mediadores. Em Foz do Iguaçu, a Uniamérica trabalha com modelos de startups. Há muitos modelos para se inspirar. Moran elencou alguns diferenciais necessários a essa empreitada: gestores pró-ativos, que conversam, não têm medo de errar e reconhecer o erro. "Trabalham untos, são abertos, valorizados e trabalham muito em sintonia." Pessoas que desenham espaços acolhedores e flexíveis, presenciais ou não. Profissionais que acreditam no potencial dos alunos. "Três diretores de escolas inovadoras falaram, num evento em São Paulo, algo que e chamou muito a atenção: `Não queremos que nenhum aluno fique para trás. Se ele falhar, falhamos junto.’ Então é preciso negociar dentro de cada atividade que estamos realizado, com cada aluno. Importante colocar limites de um lado, e possibilidades do outro." E é necessário, ainda, a cultura do fazer: trabalhar em sala de aula, em laboratório, construir histórias, jogos , desafios e trabalhar com situações que podem contribuir para mudar o entorno, problemas do cotidiano, da comunidades. "Os alunos terem um propósito faz muita diferença. Não é apenas o propósito de estar estudando, não é só para melhorar a própria vida." O recado aos professores é que eles fazem toda a diferença. E que não é necessário acelerar, mas não se pode ir devagar demais. Mesmo em escolas disciplinares, é possível: 1. Seguir fazendo algumas coisas que sempre deram certo: conhecer os alunos além do histórico, perguntar o que querem, seus desejos, expectativas, o que fazem fora de escola. "O lado afetivo continua sendo fundamental; continua sendo base para fazer a diferença." 2. Partir de onde os estudantes estão. "Eles têm dificuldade de compreensão de textos inteiros. Não adianta dizer `no meu tempo se lia mais’. Parte do youtube, do jogo. Vamos entender o que faz sentido para eles e orientá-los." 3. continuar surpreendendo: "Alunos adoram novidades, contar histórias, o emocional. Vamos misturar práticas e reflexão". 4. Fazer as negociações possíveis: "Como consigo negociar a proposta da escola com os interesses deles. No lugar de impor projetos, negocie, busque sugestões. Os avanços são muito maiores. 5. Valoriza o que eles produzem. "Os principais projetos devem ser apresentados, debatidos, compartilhados e vavaliados também pelos próprios alunos." Para Moran, os professores que fazem isso já estão fazendo um grande trabalho. Aos poucos, então, é possível mexer nas metodologias, nos currículos. O que é possível fazer AGORA? "Reunir algumas pessoas mais inquietas e criar um núcleo de gestão. Professores, gestores, alunos, pais. Criar fórmulas para isso, e ter apoio e estruturação para inovações possíveis em cada colégio." O especialista fala em implantar em pequena escala alguma experiência a fimde preparar modelos mais disruptivos. "Uma época de crise é uma época de oportunidade, crise serve para crescimento, para rever conceitos. Vamos fazer um esforço para sair da zona de conforto, experimentar. Se a escola quer continuar a ser relevante, tem que se adaptar." **[Confira aqui o vídeo de José Moran, que respondeu aos questionamentos dos professores após a palestra](https://youtu.be/F-picOBpw_8)**

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