Projetos de Gestão Institucional são defendidos no Prêmio Inovação SINEPE/RS 2025
Trabalhos foram apresentados na terceira etapa de avaliação, em 9 de outubro, na sede do sindicato
A terceira etapa de avaliação dos projetos finalistas do Prêmio Inovação SINEPE/RS 2025 foi marcada pela qualidade dos trabalhos apresentados. A defesa ocorreu no dia 9 de outubro, na sede do sindicato, em Porto Alegre.
Na abertura, o presidente do SINEPE/RS, Oswaldo Dalpiaz, encarregou-se de dar as boas-vindas aos participantes, equipe de organização e público em geral. “Hoje é um dia de festa, vamos aprender muito. E nos encontraremos no dia 5 de dezembro. Por favor, todos lá”, convidou, em alusão à noite em que serão reveladas as posições finais de cada categoria.
Solução para assuntos complexos
Por falar em categoria, a primeira do dia foi a de Gestão Institucional. Coube ao Pan American School, de Porto Alegre, inaugurar a rodada de apresentações. Com o projeto “Lidando com tópicos controversos na sala de aula”, os professores Otto Homrich e Rodrigo Pinnow mostraram que é possível falar de temas sensíveis em sala de aula.
A iniciativa foi pensada a partir de uma percepção crescente de polarização nos ambientes de aprendizagem. Desde 2013 era diagnosticado o aumento da insegurança docente para trabalhar tópicos controversos. A instituição tem perfil multicultural, o que acentua a situação e torna mais complexa a abordagem.
Entre os pontos nevrálgicos estavam questões ligadas a identidade, sexualidade, política e polarização, fake news e pós-verdade, revisionismo histórico, questões raciais, diversidade e inclusão. Os educadores se questionavam se deveriam abordar debates latentes na sociedade – e como fazer isso.
Tendo como pilares a liberdade de cátedra, a cultura inclusiva e o desenvolvimento contínuo do corpo docente, foi montado um projeto com quatro fases de implementação: diagnóstico, formação, materialização e aplicação. Por meio de workshops e com ajuda de ferramentas de apoio, como guias de perfis de mediação e de ações pedagógicas, as ideias foram levadas à prática.
Hoje, diante de cada caso, os professores refletem sobre qual o perfil de mediação deve ser aplicado e a correspondente ação pedagógica. Na prática, ao longo de uma aula, o professor assume diferentes perfis de mediação.
A partir daí, é criada uma política institucional, em documento bilíngue. Os materiais trazem diversas perspectivas, levando em consideração o pluralismo da comunidade. Como resultado, levantamentos internos indicam que os educadores se sentem mais confiantes para exercer a prática docente.
O alcance foi de 48 professores, 10 profissionais de apoio, sete coordenadores e 450 estudantes. A adesão foi de 100% nos workshops. Segundo a equipe, o preparo para lidar com tópicos controversos saltou de 30% para 69% dos docentes.
Encontro de culturas
O segundo trabalho na categoria Gestão Institucional foi do Colégio Marista Ipanema, de Porto Alegre. Fernando Degrandis, que dirigiu a instituição e hoje está à frente das unidades Assunção e Vettorello, fez questão de participar para contar a história da qual faz parte desde o começo. Ele esteve acompanhado pelo professor Guilherme e pelas estudantes Maia e Júlia, do Clube de Inovação.
A Feira Internacional Maristas pelo Mundo nasceu dentro do valor da interculturalidade, que tem como objetivo construir competência para um cidadão global. O projeto inicial consta nos últimos três ciclos de planejamento estratégico do colégio, desde 2018. Nesse período, passou por uma série de ações e atualizações, ganhando corpo e se tornando um evento que recebe diversas empresas, organizações e instituições.
A primeira edição ocorreu em 2023. Os eventos contam com palestras, workshops, apresentações culturais e estandes com atrações internacionais. Abrindo o leque, o colégio amplia a carga horária de idioma adicional, oferece high school com dupla diplomação e contato com estudantes maristas de outros lugares do mundo, por meio de intercâmbios virtuais.
O enfoque é justamente uma perspectiva de abertura para o mundo e outras culturas – que não necessariamente são de fora do país, pois podem ser de outra cidade, até mesmo de outro bairro. Isso amplia, anualmente, o número de contatos, palestras e experiências.
Um desses contatos se dá com universidades. Há, também, encontro de grêmios estudantis, clubes de relações internacionais e apresentação de pitch de idéias, inspirado no South Summit – onde alguns estudantes estiveram, a convite da PUCRS. Dali surgiu o Ipanema Summit.
Ao ver a movimentação, as famílias manifestaram interesse em viver a feira e que ela abrangesse todas as idades. Os menores aprendem brincadeiras de outros países, por exemplo. A feira cresceu a tal ponto que a última edição contou com 1,8 mil pessoas participando de forma ativa e recebeu 3,6 mil visitantes em seus estandes.
Cuidar de quem cuida
A enchente de 2024 deixou marcas. Muitas delas são físicas, algumas reversíveis, mas tantas outras dão sinais mais sutis. Graças à sensibilidade dos gestores do Colégio Agrícola de Veranópolis (Avaec), percebeu-se que os educadores estavam abalados o suficiente para não conseguirem dar suporte aos estudantes e familiares.
Dessa constatação surge o projeto “Raízes Fortes, Tempo de Cuidar”. Com a região serrana bastante prejudicada, famílias tinham dificuldades financeiras, psicológicas e estruturais. Uma situação complexa que se reproduzia nas salas de aula, com estudantes precisando extravasar a angústia de alguma forma, muitas vezes por meio da indisciplina.
Cabia ao professor aconselhar, acolher e dar suporte emocional, mas a dúvida era sobre quem daria suporte a esse educador. A pedra angular do projeto foi a ideia “cuidar de si para cuidar do outro”. A saúde mental foi colocada como prioridade, em busca de uma cultura escolar mais humana e sustentável.
“Se nós investirmos no professor, automaticamente a expansão vai se dar como um todo na escola. Por isso trabalhamos com o cuidado especial do professor, sem esquecer que o conhecimento acompanha a humanização”, explicou a professora da Avaec Jane Dal Pai Giugno.
Nesse contexto, foram criadas pausas para estudos, redes de apoio, espaços de escuta e reflexão, tudo para que os professores retomassem seu lugar de respeito e qualidade na escola. Os pilares foram biológicos, psicológicos e espirituais. Simbolicamente, foi adotada a prática dos quatro elementos: a fluidez da água como figura de acolhimento; o fogo como a paixão de ensinar; a terra oferecendo estabilidade e sustentação; e o ar trazendo inspiração e leveza.
Além disso, foi criado um treinamento para desenvolver a habilidade socioemocional e de resolução de problemas. Iniciado no segundo semestre de 2024, ele segue ativo com temas como modelos cognitivos, estilo de relação entre aluno e professor, autorregulação e auto consciência emocional e habilidades interpessoais e sociais.
Para contemplar o aspecto biológico, foi instituído o voleibol para professores. A prática esportiva, na quadra da escola, permitiu que os estudantes enxergassem os educadores desenvolvendo atividades físicas, o que se mostrou bastante significativo. Segundo a coordenação da instituição, o número de adeptos, que começou com 15, não parou de crescer. Os alunos entraram na onda e se empenharam nos seus respectivos treinamentos para representar o colégio.
Dos 77 professores que participaram do projeto, 58 responderam a um questionário. Eles reportaram melhora na percepção geral do clima escolar, diminuição de ocorrências disciplinares e queda, também, na frequência de conflitos. “É uma alegria estarmos neste lugar, compartilhando com os colegas o que aprendemos como professores e depois praticamos junto com os alunos. É um grande orgulho, mesmo”, concluiu a professora Saionara Bataglion Remor, uma das responsáveis pela aplicação do projeto na sala de aula.
Jurados atestam qualidade dos trabalhos
Após acompanhar todos os relatos, a conselheira do Conselho Estadual de Educação (CEEd/RS) Márcia Coiro contou ter gostado bastante do que viu. “A iniciativa do SINEPE/RS estimula os gestores a repensarem as suas propostas em prol de uma educação cada vez de maior qualidade. Projetos que, seguramente, foram difíceis de serem selecionados. Especialmente os três apresentados aqui trazem aspectos extremamente relevantes no sentido de fazer com que, de fato, a gestão se faça presente. Mais do que pensando nos recursos, pensando efetivamente nas pessoas e, principalmente, naquelas que movem esse processo, que são os docentes”, observou.
Metodologia da apresentação dos trabalhos
Na terceira e última etapa de avaliação dos projetos que concorrem ao Prêmio Inovação SINEPE/RS 2025, cada equipe teve 20 minutos para a apresentação. O tempo foi cronometrado pela organização e exibido para os apresentadores, para que pudessem ter controle.
Após cada exposição, os jurados tiveram a oportunidade de tecer comentários e fazer perguntas, que foram respondidas em um período adicional de cinco minutos. Concluída cada categoria, os respectivos avaliadores conversaram entre si, mas atribuíram notas individualmente. Delas, é feita uma média que compõe com as outras notas da competição.
Segundo a gestora de projetos do SINEPE/RS, Luciana Jeckel, 51 jurados voluntários, de diferentes áreas do conhecimento, participaram da avaliação dos projetos. Nesta etapa, foram três para cada categoria. O resultado final, com as categorias ouro, prata e bronze, será divulgado no dia 5 de dezembro, no no Teatro do Prédio 40 da PUCRS.
A premiação deste ano conta com patrocínio da FTD Educação.
Confira os jurados da categoria:
- Juliana Vieira, gerente Educacional no Instituto Caldeira
- Letícia Mello, presidente do Sindeedin/RS e vice-presidente do Conselho Municipal de Educação de Porto Alegre,
- Marcia Coiro, Mestre em Gestão de Centros Educativos e conselheira do Conselho Estadual de Educação do RS (CEEd/RS)

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