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24/07/2025

Aprender com sentido: conexões entre emoção, linguagem e conhecimento

No segundo dia do 18º Congresso do Ensino Privado do SINEPE/RS, palestras sobre matemática, neurociência e desenvolvimento cerebral

por Eduardo Wolff – Padrinho Conteúdo
Aprender com sentido: conexões entre emoção, linguagem e conhecimento
Professora e pesquisadora Lucia Giraffa, da PUCRS - Foto: Dionata Santos / Applause

Matemática, neurociência e desenvolvimento cerebral foram os temas que marcaram a tarde do segundo dia do 18º Congresso do Ensino Privado do SINEPE/RS, realizado no auditório da PUCRS, em Porto Alegre. As palestras ministradas por Lucia Giraffa, Guilherme Nogueira e Telma Pantano destacaram a importância de uma educação que respeita o funcionamento do cérebro, valoriza o vínculo afetivo e estimula a construção de significado no processo de ensinar e aprender.

A professora e pesquisadora Lucia Giraffa, da PUCRS, abriu a programação com uma provocação: a matemática precisa ser ressignificada como linguagem de vida e não apenas como disciplina curricular. Para ela, ensinar matemática é criar sentido, estabelecer conexões com o mundo e provocar o pensamento crítico. “A sala de aula é um espaço de troca. Quando ela funciona, a gente sai cansado, mas entusiasmado porque o planejamento deu certo”, afirmou.

Lucia defende que a matemática deve ser ensinada com contexto, afeto e liberdade para errar. O erro, nesse cenário, deixa de ser sinônimo de fracasso e passa a ser parte do processo. “A experimentação traz o erro como possibilidade. E tudo bem”, disse. Ela destacou que boas respostas nascem de boas perguntas, e que o papel do educador é provocar a curiosidade dos alunos: “Quando perguntam ‘onde vou usar isso?’, precisamos dar sentido ao conteúdo. Nem que seja em uma perspectiva futura”.

A professora compartilhou exemplos de suas aulas, inclusive com programação, para mostrar que o raciocínio matemático pode ser desenvolvido com criatividade. Na sua visão, a fórmula deve vir depois da compreensão do problema, e não o contrário. Ela também alertou para a necessidade de fortalecer a formação matemática nos cursos de pedagogia, especialmente nos anos iniciais, já que muitos professores chegam à sala de aula inseguros quanto aos conceitos, o que compromete a criação de experiências significativas.

Na sequência, o neurocientista Guilherme Nogueira ampliou a reflexão sobre os processos de aprendizagem, destacando que a cognição não é apenas racional – ela é afetiva, social e relacional. O cérebro, explicou, prioriza o que considera importante. E o que é importante? Aquilo que gera pertencimento, desperta emoção e acontece em um ambiente seguro. “Sem vínculo, não há ressonância. Sem atratividade, não há atenção. E sem significado, não há memória de longo prazo”, afirmou.

Segundo Nogueira, o afeto é o primeiro organizador da mente humana. Quando o aluno percebe que o professor está presente e atento, essa interação libera oxitocina – hormônio que favorece empatia, colaboração e memória. Ele reforçou a importância do bom humor, da escuta ativa e do reconhecimento dos esforços dos estudantes como formas de engajamento: “Diz pra ele subir três degraus, mas elogia quando ele sobe o primeiro. Isso retroalimenta o sistema motivacional”, contou.

O palestrante também chamou atenção para os efeitos do estresse crônico, da privação de sono e do uso excessivo de telas – fatores que comprometem o funcionamento do córtex pré-frontal, responsável pelo raciocínio e pela tomada de decisões. Para manter a aprendizagem viva, recomendou variação de estímulos, atividade física e repetição com sentido: “Aprender é construir mapas neurais. E esses mapas se consolidam quando os caminhos são usados, revisitados e conectados”, relatou.

Fechando a programação da tarde, a fonoaudióloga e especialista em linguagem Telma Pantano abordou as bases neurocientíficas do aprender. Com linguagem acessível e exemplos práticos, ela destacou que não existe aprendizagem sem memória – e que memórias duradouras são construídas em rede, por meio de experiências sensoriais, motoras e emocionais.

Para Telma, a aprendizagem é um processo ativo, que mobiliza corpo e mente. Cada cérebro tem rotas neurais únicas, e cabe ao professor identificar esses caminhos já consolidados para apoiar novas conexões. “Se o aluno ainda não se alfabetizou, talvez o problema não esteja nele, mas no método. O desafio é reconhecer as vias que já existem e partir delas para ensinar”, sinalizou.

Ela também ressaltou o papel da linguagem como instrumento para acessar o próprio funcionamento mental. Quando a criança aprende a nomear o que sente e pensa, desenvolve ferramentas para lidar com os próprios comportamentos de forma consciente. “Mais importante do que dizer ‘não pode gritar’ é perguntar o que ela sentiu para gritar. Quando eu entendo por que me comporto de determinada forma, posso escolher novas respostas ao ambiente”, apontou.

Ao final da palestra, Telma fez um chamado aos educadores: a escola precisa ajudar os alunos a entenderem como aprendem e como funcionam. E, mais do que qualquer tecnologia, o vínculo humano continua sendo a base para o desenvolvimento. “A educação é relacional. E o cérebro que mais nos define não é o que herdamos – é o que construímos”, finalizou.

Sobre o Congresso

O 18ª Congresso do Ensino Privado é uma realização do SINEPE/RS e tem como patrocinadores: FTD Educação, PUCRS, SAS Educação, Pearson Thomas Bilíngue for Schools, Editora do Brasil, International School, Bernoulli Sistema de Ensino; Santillana Educação; Poliedro Sistema de Ensino; COC; ZOOM EDUCATION FOR LIFE; HUMUS Educação; Somos Educação e Macmillan Education. Apoiadores: Applause Formaturas e Bike Village.

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