Aprendizagem é assunto central na abertura do “palco dos diretores” no Congresso
Ricardo Mariz e Marcos Scussel foram os primeiros palestrantes e falaram sobre o olhar para as mudanças na sociedade
O recado do vice-presidente do SINEPE/RS, Nestor Raschen, sobre o Match da Educação (explicação abaixo) na abertura do palco para os diretores, no segundo dia do 18º Congresso do Ensino Privado, combinou perfeitamente com a temática das palestras da manhã desta quinta-feira (24): a reconexão e a humanidade.
O Match da Educação é uma iniciativa lúdica em que cada credencial tem uma frase e um adesivo colorido. Ao percorrer o Prédio 40 da PUCRS, onde ocorre o evento, os participantes devem encontrar a pessoa que esteja com a credencial igual, com a mesma frase e a mesma cor do adesivo. Claro que a brincadeira teve um incentivo: um brinde a ser retirado no credenciamento. Ainda assim, mostra a necessidade do trabalho coletivo na educação.
Foi com esse gancho que o mestre em Educação e doutor em Sociologia Ricardo Mariz começou a primeira palestra do palco do Teatro do Prédio 40, dedicada aos diretores e diretoras. A palestra “Liderança e missão institucional” abordou a necessidade de reconexão e como educar em tempos de influencers e redes sociais. “Formar seres humanos é complexo. Para formar, não tem receita. Você aprende com o outro, vive aquela experiência e leva para o seu contexto”, comentou Mariz.
O especialista falou sobre a escola deixar de ser a fonte de informação e passar a ser o local para dar fim a desinformação que, muitas vezes, é estimulada pelas redes sociais. Para isso, o palestrante trouxe um infográfico com a nova dinâmica, provocando o pensamento do público: qual o papel da escola atualmente?
“É importante vir para um congresso como este. Mas não trabalhamos em fábrica de sapatos, trabalhamos com formação de humanidade e dos próprios humanos. Qual o nosso papel? Nossa singularidade? Antes lidávamos com a falta de informação, agora com a desinformação. Para que futuro eu vou preparar as crianças?”, provocou Mariz.
Para isso, o palestrante aconselhou os gestores a estarem sempre abertos ao aprendizado e não focar só no passado, com o clássico início de frase “no meu tempo…”. Arrancando risadas dos públicos, o recado central de Mariz no Congresso foi direto e simples: quem não acompanhar a mudança da sociedade vai ficar para trás.
“O único jeito de fazer uma coisa que dê 100% certo é não tirar do papel. Nós precisamos mudar algumas coisas na escola, enfrentar a indisposição de mudança. Docência é uma profissão do futuro ou da saudade? Deus abençoe vocês com muito conhecimento, mas que guarde vocês da arrogância que vem do muito conhecimento”, garantiu.
Para encerrar, Mariz colocou a música da banda gaúcha Engenheiros da Hawaii, Somos Quem Podemos Ser e finalizou: “É pra isso que a gente [educadores] serve: educar é dizer se as nuvens são de algodão. E eu ainda acrescentaria na letra ‘somos o que aprendemos a ser’”, destacou o especialista.
“Não há educação sem sermos presença”
Em seguida, foi a vez do mestre em Educação, doutor em Teologia e vice-presidente do SINEPE/DF, Marcos Scussel, falar sobre “O presente do futuro da educação”. Ele iniciou a fala contando uma história pessoal, de quando foi trabalhar na primeira escola, em Viamão, e era apresentado como “esse é o Marcos Scussel e ele estará aqui com vocês”.
Scussel contou que achou estranho, pois tinha um cargo, uma função e isso não era falado. Até entender o que aquela apresentação queria dizer: que ele estaria presente para a comunidade escolar. Dessa história, nasceu seu primeiro aprendizado: “Não há educação sem sermos presença”.
Para falar sobre gestão escolar, Scussel focou em algumas tríades, como: educação, pessoas e negócio; pedagógico, financeiro e satisfação. E, deste último, comentou:
“Esses três malabares têm de estar no ar do gestor, cuide disso, é o olhar para dentro da escola, mas também é preciso olhar para fora. Em que comunidade estou? Em que Estado, país e mundo? E também é preciso olhar para si”, disse.
Outro ensinamento foi a apresentação de referências internacionais de educação, especialmente em Singapura, Japão e Itália. Scussel detalhou cada uma e concluiu que todas tinham algo em comum, a escuta ativa. “Estamos sempre escutando prontos para responder, ansiosos pelo tempo passando e interrompendo para responder. Não escutamos mais com atenção”, lamentou o vice-presidente do SINEPE/DF.
Scussel falou ainda sobre a máxima “menos é mais”. Assim como Mariz, o segundo palestrante também frisou a necessidade de ensinar menos e aprender mais. Aprender sobre a realidade da escola em que atua, sobre o mundo fora da instituição de ensino e também sobre si mesmo.
“Se você estiver bem, você vai conseguir ser um bom gestor. Se não estiver, não vai conseguir. Por isso destaco o cuidado com alimentação, exercícios, com o emocional, sono e com a espiritualidade”, pontuou Scussel.
Ambas palestras contribuíram para o destaque do 18º Congresso do Ensino Privado – Razão e emoção: conectando aprendizagens. O evento vai até esta sexta-feira (25) e a programação completa pode ser conferida aqui.
Programação da tarde para diretores
O palco do Teatro do Prédio 40 ainda recebe, nesta quinta-feira (24), o pesquisador sobre Comunicação Não Violenta (CNV) Ivan Petry, com “Conversas com empatia e assertividade: um guia para líderes”; o presidente do Instituto Alfa e Beto, Mario Ghio, com “O futuro do setor educacional”; e a CEO da HUMUS Educação, Sonia Simões Colombo, com “Liderança transformadora: o gestor como protagonista na construção de instituições de excelência”.
Sobre o Congresso
O 18ª Congresso do Ensino Privado é uma realização do SINEPE/RS e tem como patrocinadores: FTD Educação, PUCRS, SAS Educação, Pearson Thomas Bilíngue for Schools, Editora do Brasil, International School, Bernoulli Sistema de Ensino; Santillana Educação; Poliedro Sistema de Ensino; COC; ZOOM EDUCATION FOR LIFE; HUMUS Educação; Somos Educação e Macmillan Education. Apoiadores: Applause Formaturas e Bike Village.